domingo, 21 de novembro de 2010

Yvy maranẽ’ỹ - Terra Sagrada
Por Anastacio Peralta Kaiowá Guarani *

A terra para nós Guarani e Kaiowá é o suporte que sustenta tudo que está na natureza, principalmente a mata. Ela cobre a terra como se fosse nossa pele e dessa forma deixa-a fértil gerando vida para todos que respiram e acreditam nela.

A terra para nós é a mãe, o mato é nosso pai e através deles é que fomos gerados. A água que corre na terra é como se fosse nosso sangue que corre pelo nosso corpo através de nossas veias. No entanto ele corre e evapora no ar se transformando em nuvens as quais se transformam em chuva a qual volta a cair na terra para regar a vida alegrar as plantas fecundar e faz germinar as sementes para dar continuidade a vida de todos seres vivos.Ela é o local sagrado onde buscamos nosso sustento, desde o remédio, frutas, peixes e animais de caça para se alimentar, matéria prima para fazer a casa, lenha para fazer fogo e cozinhar os alimentos. Tudo isso fazia parte da nossa vida. Vivíamos sem ter que sermos dependentes de políticas emergenciais; vivíamos caminhando por todo o território e éramos felizes.

Mas com a chegada dos não índios os quais chamamos de branco (karaí), a mais de 500 anos eles vêm nos matando aos poucos, destruindo nossa fonte de vida destruindo nossa mãe. Para isso usam armas nos ferem com balas, políticas anti-indígenas, preconceitos e descriminação pelos nossos direitos.

Tiraram o que é de mais importante para nós, a terra, a mata, os rios estão todos poluídos, dessa forma já não nos dá nosso sustento como peixe não temos mais água limpa para beber como era no passado. Hoje vivemos presos em áreas demarcadas pelo governo nas quais não é possível preservar nossos hábitos alimentares e nem nossos costumes, tradições e religiosidade. Vivemos presos em locais em que não temos espaço para conviver em harmonia.

Por isso nos índios Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul estamos pedindo socorro para os nossos aliados internacionais e autoridades competentes, para que façam justiça. Não podemos morrer como animais porque temos língua própria, reza, dança, pintura, artes, nosso conhecimento e sabedoria para dar continuidade ao planeta, porque nós somos admiradores da beleza que Deus fez. Por isso nós somos Yvy Poty, flor da terra. Os poderosos mataram duas dessas flores: Rolindo e Jenivaldo Vera, mas essas flores espalharam antes as suas sementes sobre a terra, das quais podem brotar outras flores, perfumando e dando vida à natureza, Imbaretevéva ojuka mokõi yvoty, Rolindo há Jenivaldo Vera, ha’e kuéra katu omosarambi ha’yi omanõ mboyve. Upéagui osêta há hokýta hetã yvoty pyahurã omohyakuá ha omoingove haguã ko ñande yvy.  

* Membro da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI)
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