domingo, 25 de julho de 2010

Veterano de guerra do Iraque relata os reais motivos que levaram os EE.UU a invasão no Iraque






“Eu me esforcei para ter orgulho do meu serviço, mas tudo o que consegui foi ter vergonha. O racismo não podia mais mascarar a realidade da ocupação. Eles (os iraquianos) eram gente, eram seres humanos. Desde então passei a sentir culpa toda vez em que via homens idosos como o que não conseguia andar e que carregamos com uma maca até que a polícia iraquiana pudesse levá-lo. Sentia culpa toda vez em que via uma mãe com suas crianças, assim como a que chorava histericamente, dizendo que éramos piores do que Saddam. Aquela a que obrigávamos a sair de sua casa. Eu sentia culpa toda vez em que via uma garota jovem, como a que eu agarrei pelo braço e arrastei para a rua.
Disseram-nos que lutaríamos contra terroristas. O verdadeiro terrorista era eu e o verdadeiro terrorismo é essa ocupação. O racismo nos militares tem sido durante muito tempo uma ferramenta importante para justificar a destruição ou a ocupação de outro país. E tem sido usado há muito tempo para justificar a morte, a subjugação ou a tortura de outro povo. O racismo é a arma vital usada por esse governo. É uma arma mais poderosa do que um rifle, um tanque, um bombardeiro ou um navio de guerra. É mais destrutivo do que um projétil de artilharia, um anti - bunker ou um missel Tomahawk.
Apesar de nosso país fabricar essas armas, elas são inofensivas sem alguém para usá-las. Aqueles que nos enviam para a guerra não têm de apertar um gatilho ou lançar morteiros. Eles não precisam lutar na guerra, sua função é vender a guerra. Precisam de um público que esteja de acordo em mandar seus soldados para o perigo; precisam de soldados dispostos a matar e serem mortos sem os questionar.
Eles podem gastar milhões em uma única bomba; entretanto essa bomba só se torna uma arma quando as divisões militares estão dispostas a seguir suas ordens para usá-las. Podem enviar um soldado a qualquer parte da Terra, mas só haverá guerra se um soldado concordar em lutar... e, no fim, a classe de bilionários é que lucram com o sofrimento humano e só se preocupa em expandir a sua riqueza, controlando a economia mundial.
Compreendam todos que o seu poder consiste somente na habilidade de nos convencer de que a guerra, a exploração e opressão são de nosso interesse. Sabem que seu poder depende da habilidade que têm em convencer a classe operária a morrer para controlar o mercado de outro país. Convencer - nos a matar e a morrer é tem sua lógica no fato de desejarem fazer - nos pensar que somos de alguma forma, superiores. Soldados, marinheiros, aviadores não ganham nada com essa ocupação. A grande maioria das pessoas nos EUA não tem nada a ganhar com essa ocupação. Na verdade, nós não só não temos nada a ganhar com isso como sofremos mais por causa disso. Perdemos nossos membros e damos nossa vida de uma forma. As nossas famílias vêem, traumaticamente, um caixão descendo com uma bandeira a terra e milhões nesse país sem acesso a Saúde, Trabalho e Educação quando esse governo gasta 450 milhões de dólares por dia nessa ocupação.
Pessoas pobres e trabalhadoras do país são mandadas para matar pessoas pobres e trabalhadoras de outro país, e, com isso, fazer os ricos mais ricos. Sem o racismo, os soldados perceberiam que têm muito mais em comum com o povo do Iraque do que com os bilionários que nos enviam para a guerra.
Eu joguei famílias às ruas no Iraque para chegar a minha casa e ver famílias sendo jogadas nas ruas do meu país. Nessa trágica e desnecessária crise imobiliária devemos todos acordar e perceber que nosso inimigo não está em nenhuma terra distante e não são pessoas cujos nomes não conhecemos ou não entendemos. O inimigo é alguém que conhecemos muito bem e podemos identificar. Ele é um sistema que declara guerra quando isso é lucrativo... O inimigo é uma corporação que nos despede de nosso trabalho quando vê nisso o lucro; é uma Companhia de Seguros que nos nega assistência quando isso é lucrativo; é o banco que toma nossas casas quando esbanja altos lucros. Nosso inimigo não está a 5 mil milhas de distância, está bem aqui. “Se nos organizarmos, se lutarmos juntos com nossos irmãos e irmãs, nós podemos parar essa guerra, nós podemos parar esse governo, nós podemos criar um mundo melhor.”
 
Editado por Phaedrus
[Transcrito por Bruno Resende Ramos]

2 comentários:

  1. "(...) Pessoas pobres e trabalhadoras desse país são mandadas para matar pessoas pobres e trabalhadoras de outro país, e fazer os ricos mais ricos (...)".
    E os donos do mundo dormem, de consciência tranquila, sobre milhões de cadáveres de gente inocente. "Homens" que não são de paz, jamais farão a paz. Além disso, precisam que o pobre permaneça pobre. E, desgraçadamente, este pega na arma que se vira contra si próprio. Quando ele "acordar", o mundo mudará.
    Se somos contra a guerra, devemos dizê-lo claramente e dar também o nosso contributo no sentido de eliminar as suas causas. É cada vez mais urgente a não-violência dos fortes e não a dos resignados, dos indolentes, dos acomodados, dos egoístas... Enquanto uma criança chorar no meio dos escombros, com os pais mortos ao lado (e quantas já foram vítimas desta brutal injustiça!), não se poderá falar de progresso.
    Obrigada pela divulgação e transcrição deste impressionante e corajoso relato. Eu sabia que para si, Bruno, não encaminharia este vídeo em vão.

    Abraço
    Maria João Oliveira

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  2. Oi Maria João,
    Difícil a nós é o manter-se insensível diante de tal relato. Ainda mais vindo de um nativo, um nascido nas fontes das maiores guerras dos últimos anos. A lamentar tão somente que os governantes não se pronuciem a esse respeito... A Paz – como sabemos – é feita de muita ação e nehuma omissão.

    Grande abraço

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